terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Coreia do Sul vai oferecer conexões super velozes à Internet

The New York Times
Mark Mcdonald 
em Seul

A Coreia do Sul já se vangloria das conexões de Internet mais rápidas do mundo, mas isso não é bom o suficiente para o governo local.

o final de 2012, a Coreia do Sul pretende conectar cada casa no país à Internet com uma velocidade de 1 gigabit por segundo. Isso seria um aumento de 10 vezes do padrão nacional que já é ultrarrápido e mais de 200 vezes mais do que a média dos lares norte-americanos.

Um projeto piloto de 1 gigabit iniciado pelo governo está sendo desenvolvido, com 5.000 casas em cinco cidades sul-coreanas conectadas. Cada cliente paga cerca de 30.000 wons por mês, ou menos do que R$ 50.

“As casas da Coreia do Sul agora têm mais acesso à Internet do que nós”, disse o presidente Barack Obama em seu discurso do Estado da União no mês passado. Na semana passada, Obama revelou um programa de US$ 18,7 bilhões de banda larga.

Segundo dados divulgados pela Anatel, 88% dos municípios brasileiros contam com infraestrutura para internet banda larga.

Segundo dados divulgados pela Anatel, 88% dos municípios brasileiros contam com infraestrutura para internet banda larga.

Enquanto os americanos estão cavalgando lentamente, atrás dos letões e dos romenos em termos de velocidade de Internet, a Coreia do Sul está em pleno galope. Suas conexões médias de Internet são muito maiores até do que o segundo lugar, Hong Kong, e o terceiro, Japão, de acordo com o analista de Internet Akamai Technologies.

O supervisor do audacioso plano de expansão da Coreia do Sul é Choi Gwang-gi, 28, um engenheiro de fala mansa. Ele não parece um visionário ou revolucionário enquanto caminha com chinelos de vinil pelo escritório cinza do governo.

Mas Choi viu o futuro –a forma como a Internet precisará se comportar na próxima década –e está tentando ajudar a Coreia a chegar lá. Durante uma entrevista em seu escritório atarefado no centro de Seul, Choi desenhou –a lápis, um esquema pequeno e arrumado do projeto ambicioso do governo.

“Muitos coreanos adotam as novas tecnologias logo no início”, disse Choi, “e pensamos que precisamos estar preparados para coisas como televisão de 3D, televisão por Internet, multimídia de alta definição, jogos e videoconferências, televisão de ultra definição, computação em nuvens”.

Não importa que alguns desses aparelhos e aplicativos ainda estejam sendo desenvolvidos pelos engenheiros em Seul, Tóquio e San Jose, na Califórnia. Para Choi, nada mais parece de outro planeta, impensável ou improvável. E o governo pretende estar pronto para oferecer muita velocidade de Internet quando todas as novas ideias, jogos e aplicativos saírem das pranchetas.

“A Internet de 1 giga é essencial para o futuro, absolutamente essencial, e todos os especialistas dizem isso. Todos nós vamos fazer computação em nuvens, por exemplo, e isso não vai funcionar se você não estiver sempre conectado. Jogos, videoconferência, vídeo sob demanda; tudo isso vai exigir uma banda enorme”, disse Don Norman, co-fundador do Norman Group, firma de consultoria em tecnologia em Fremont, Califórnia.

O projeto sul-coreano também quer aumentar os serviços de banda larga sem fio em 10 vezes.

Enquanto a Coreia do Sul procura um conectividade maior e mais rápida, o vício em Internet já é uma questão social preocupante no país. Campos de desprogramação brotaram para ajudar os jovens viciados em internet.

Um casal sul-coreano foi preso no ano passado, quando ficou tão imerso em um jogo desempenhando um papel na Internet que sua filha de 3 meses morreu de fome –enquanto eles alimentavam e cuidavam de uma filha virtual, online, chamada Anima.

Os executivos da indústria, porém, seguem adiante.

“O nome do jogo é com qual velocidade você consegue o conteúdo”, disse Kiyng Nam, porta-voz da gigante de produtos eletrônicos coreana Samsung Electronics. “As pessoas querem baixar e usar o conteúdo ao mesmo tempo. Mas neste instante, isso não se dá sem nem perceber. Não é perfeito.”

A ideia da Internet de 1 gigabit não é nova, disse Norman, o consultor americano. Mas a adoção em grande escala ainda não ocorreu, especialmente fora da Ásia.

Hong Kong e Japão oferecem o serviço. A Austrália tem um plano para 2018. O Google está projetando programas piloto para parte do campus de Stanford e outros locais dos EUA. E Chattanooga, Tennesee, começou um serviço em toda a cidade, a um custo absurdo de US$ 350 por mês.

Os problemas técnicos com a infra-estrutura existente na Coreia do Sul são mínimos, de acordo com engenheiros e administradores da rede. Linhas DSL –fios de telefone convencionais de alta velocidade- terão que ser substituídas. Mas as linhas de fibra ótica já são muito utilizadas e são adequadas para a velocidade de um gigabit.

A Coreia do Sul, que já foi mais pobre que a vizinha comunista, Coreia do Norte, agora tem a 13ª maior economia do mundo. Recuperou-se da destruição da guerra da Coreia ligando sua economia a indústrias pesadas como carro, aço, estaleiros e construção. Quando os custos de mão-de-obra começaram a aumentar, competir globalmente nesses setores ficou mais difícil, então “a forma de avançar foram as indústrias com base no conhecimento”, disse Choi.

Sul-coreanos pagam em média US$ 38 por mês por conexões de 100 megabits por segundo, de acordo com a Organização de Cooperação de Desenvolvimento econômico. Os americanos pagam em média US$ 46 por um serviço muito inferior.

Choi não quis adivinhar quanto os fornecedores privados poderão cobrar pelo serviço de 1 giga. Mas ele disse que não chegaria perto dos US$ 70 por mês cobrados no Japão.

“Não posso imaginar ninguém na Coreia pagando tanto”, disse ele. “Não, não, isso é impensável.”

O programa de Choi é apenas um de vários projetos relacionados à Internet sendo coordenados pelo governo para os próximos quatro anos. Seu custo total está projetado em US$ 24,6 bilhões, sendo US$ 1 bilhão do governo, de acordo com a Comissão de Comunicação Coreana.

As firmas privadas sul-coreanas, especialmente a KT (antiga Korea Telecom), SK Telecom e a fornecedora de televisão a cabo CJ Hellovision são as principais participantes do projeto de gigabit. A contribuição financeira do governo em 2010, disse Choi, seria de apenas US$ 4,5 milhões.

Por enquanto, a maior parte dos consumidores coreanos usam sua banda larga abençoada para obter acesso à Internet e para entretenimento –jogos com vários participantes, televisão por Internet, downloads de vídeo rápidos e similares. As corporações estão fazendo mais videoconferências de alta definição, especialmente sessões simultâneas com vários clientes do exterior, e os tecnólogos estão ansiosos para ver quais novas empresas serão criadas e como as existentes serão melhoradas pela nova capacidade de comunicação.

Um dos clientes que já está no programa piloto de Choi é Moon Ki-soo, 42, consultor de Internet. Ele conseguiu uma conexão de 1 giga há cerca de um ano, pela CJ Hellovision, mas o cabeamento do prédio limitou sua conexão em 279 megabits por segundo. Mesmo essa velocidade –um quarto de 1 giga- deixou-o impressionado.

“É tão mais conveniente assistir filmes e programas de televisão agora”, disse ele.

Tradução: Deborah Weinberg

importado por splitz

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