terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Fama de troglodita dos homens é justificada por bioantropólogo americano

 


REINALDO JOSÉ LOPES

EDITOR DE CIÊNCIA

A fama de trogloditas dos seres humanos do sexo masculino é mais do que justificada, afirma um bioantropólogo americano. Depois de analisar os traços físicos característicos dos homens, ele diz ter batido o martelo: estamos falando de armas.

"Os fenótipos [características] dos homens exibem fortes evidências de terem sido moldados pela competição direta", disse à Folha David Puts, da Universidade do Estado da Pensilvânia.

A conclusão está no artigo "Beauty and the beast: mechanisms of sexual selection in humans" ("A bela e a fera: mecanismos de seleção sexual em humanos"), na revista científica "Evolution and Human Behavior".

Puts realizou uma detalhada análise da literatura científica justamente para se opor ao que parece ser a visão predominante entre quem estuda a evolução do comportamento humano.

É que, segundo levantamento feito pelo biantropólogo e um assistente, mais de três quartos das pesquisas da área publicadas entre 1997 e 2007 negam que a disputa violenta, ou a ameaça dela, tenha forjado os machos da nossa espécie. A maioria dos estudos defende que a preferência das mulheres por certos tipos de homem --e vice-versa-- teria sido a variável mais importante da equação.

No fundo, trata-se de saber se os homens estão mais para pavões ou para bisões. Grosso modo, essas são as duas principais formas assumidas pela chamada seleção sexual.

A seleção sexual, estudada pela primeira vez por Charles Darwin no século 19, refere-se justamente às características visíveis dos sexos, como a barba dos homens e os seios avantajados das mulheres, entre outros.

Em alguns casos, essas características são armas para a disputa por parceiros, como os chifres dos bisões, usados em combate. Em outros, elas são meros adornos, sinalizadores de qualidade genética cujo propósito é seduzir o(a) parceiro(a). É o caso da plumagem carnavalesca dos pavões do sexo masculino.

FORÇA E HONRA

Puts aposta que somos bisões, apoiando essa hipótese, em primeiro lugar, na grande diferença de força física entre homens e mulheres -disparidade típica de espécies nas quais há disputas entre os machos.

Da cintura para cima, por exemplo, os homens são, em média, 90% mais fortes do que as mulheres, e 65% mais fortes da cintura para baixo. Na verdade, aliás, o homem médio é mais forte do que 99,9% das mulheres.

Experimentos também mostram que a barba espessa, as sobrancelhas grossas e a voz grave, tipicamente masculinas, fazem os homens parecerem maiores e mais intimidadores do que realmente são (quando apenas a voz do sujeito pode ser ouvida, ou quando se compara o rosto com ou sem barba, por exemplo).

Ao mesmo tempo, esse conjunto de traços é relativamente pouco atraente para as mulheres. Se elas forem totalmente livres para escolher, muitas vezes preferem homens ligeiramente "femininos", a tal "cara de bebê".

O efeito de barba ou voz grossa sobre a capacidade de atrair parceiras é muito menor do que sobre a aparência de "dominância" do sujeito.

Para o bioantropólogo, embora o que as mulheres acham atraente tenha tido um papel na evolução dos machos também, o mais provável é que as disputas tenham predominado, e que os vitoriosos no combate tivessem mais chance de monopolizar parceiras ou até de multiplicar o número delas.

Em grupos de caçadores-coletores, com pouca diferença social, é mais difícil ter recursos para manter mais de uma mulher, reconhece ele.

"Mas os homens dominantes também poderiam conseguir mais parceiras de curto prazo, o que, se feito com frequência, seria equivalente à poligamia do ponto de vista reprodutivo", especula.

 

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