segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Blog do Roberto Moraes

Na quinta-feira antes do carnaval fui a Santa Rita, distrito de São Francisco do Itabapoana, almoçar com meu avô Manoel Estevão de Moraes. Estava devendo uma visita desde que faltei, por conta de trabalho, ao almoço de comemoração dos seus 98 anos.

Como sempre o "Caboeiro do Pé Rachado", apesar de algumas dificuldades próprias da idade, queria conversar. A prosa é sua grande paixão. A sua lucidez e o interesse nas coisas e nas pessoas, o faz ser sempre um bom papo, não apenas, para nós seus parentes.


Lembrei de comentar aqui sobre ele, por conta da nota abaixo sobre o investimento em alta tecnologia. Explico: ele que sempre quer saber mais detalhes, sobre petróleo, royalties, agricultura e outros problemas que ouve no rádio ou na televisão, ou nas conversas que tem com os que lhe visitam. Assim ele me perguntou o que era "chip".

Achei que tinha entendido errado e perguntei por que queria saber e aí ele explicou que tinha ouvido no rádio sobre a inauguração feita, por Lula, na semana anterior, de uma a fábrica de "chip"no Sul do país. Tentei explicar sem muitos detalhes, mas ele entendeu e disse: "esse Lula é sabido. Está fazendo igual Getúlio com a usina de Volta Redonda".

Momento seguinte, com sempre acontece, ele quis comentar sobre as coisas de nossa região. Assim, ele quis saber sobre o Porto do Açu: o que está pronto? O que vai ser, quantos estão trabalhando, etc. Quando expliquei sobre a exportação de minério, o mineroduto, etc... ele perguntou: "isso é bom para o país?"

Falei que sim, sobre os empregos... falei que não pelos problemas ambientais... mas o Caboieiro quis saber se não era melhor usar o minério aqui no Brasil. Falei da siderúrgica, da termelética com o carvão que está previsto de vir nos navios que levarão o minério, e ainda de outras possibilidades. Porém, mais uma vez, espantei-me com o aguçado senso - que já seria incrível pela sagacidade mental e política num senhor de 98 anos - com a sua preocupação com a nação e com o resultado coletivo destes investimentos.

Mais uma vez voltei encantado com aquele que ensina com a humildade de quem estaria aprendendo. Que boa conversa, em meio a tantas que a gente tem por aí, que só trazem ódios, pessimismo e interesses individuais.

Por fim, junto esta a outras conversas que atravesso em notas aqui neste espaço, pensando o quê tem sido feito para, um homem nesta idade, vivendo no interior há muitas décadas, ter o pensamento e a capacidade de análise que tem o meu avô Manoel Estevão de Moraes, com tão pouco estudo formal, quanto o nosso presidente Lula? Nas academias, nos jornais e na política há, por outro lado, gente que pensa que sabe tudo. E que pensa só em si e para si, e quase nunca no país e/ou em seu povo.
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