quarta-feira, 1 de abril de 2009

Vice Reitor do IFF Campos (ex-CEFET) renuncia !

Perplexos, publicamos a carta aberta do Professor Jefferson, que renunciou ao cargo de segundo no comando da maior instituição federal de ensino da região e uma das maiores do país.

 

"CARTA ABERTA AOS SERVIDORES E ALUNOS DO INSTITUTO FEDERAL FLUMINENSE

 

Foi longo o caminho até esta minha decisão. Retomo o dia em que o Prof. Luiz Augusto me convidou para ajudá-lo a construir a Universidade Tecnológica. Não sabia bem o que era, mas percebia que ali pulsava o gérmen de algo novo e inovador. “Topei” o desafio na incumbência de fortalecer e ampliar a pesquisa, a pós-graduação e a extensão. Encontrei muitos desafios e também muitos aliados. O primeiro desafio foi a reconstrução dos laços com nossa Unidade de Macaé, atual Campus Macaé. Assustei-me quando lá estive em 2004. Um ambiente bastante adverso à época na relação institucional Campos/Macaé. Percebi que este seria um dos meus maiores desafios. Comecei, então, uma longa jornada de relações e ações que culminaram no primeiro grande projeto sistêmico, o Mestrado em Engenharia Ambiental, que só foi possível pela seriedade e compromisso dos servidores das nossas duas Unidades: Campos e Macaé. Não pelo discurso, mas devido a um trabalho sério, honesto, transparente e respeitoso, fomos construindo um espaço diferente onde os mais céticos também passaram a perceber que, unidos, chegaríamos a lugares mais distantes. Também encontrei a desconfiança, nessas comunidades, de que apenas os “amigos” eram beneficiados em seus projetos e aspirações. Começamos uma longa trajetória de criação de princípios que norteariam nossas ações, sejam no que se refere à participação de servidores e alunos em congressos nacionais e internacionais, seja no que se refere à realização de eventos pelas coordenações de curso. Com regras claras e válidas para todos, começamos um novo tempo, apontando para princípios meritórios. Criamos uma política de apoio aos servidores e alunos para divulgarem seus trabalhos científicos e tecnológicos. Defendíamos, em todas as nossas ações e políticas o servidor da educação, compreendendo que a educação é um processo complexo, muito além da sala de aula. Portanto, as ações buscavam apoiar todos os que faziam educação: servidores docentes, servidores técnico-administrativos e alunos.

 

Hoje, ao ver os Editais da CAPES, que também não fazem mais distinções entre nossos servidores da educação, vimos que estávamos no caminho certo. A partir da experiência exitosa da revista Vértices, percebemos que podíamos mais. Era preciso definir, também, uma política de publicação institucional. Criamos a Essentia Editora, com a missão de facilitar a veiculação da produção de nossa comunidade acadêmica. Fortalecemos, também, o princípio de uma pós-graduação pública e gratuita, com processos seletivos transparentes. Fomos coroados com a aprovação e recomendação do nosso primeiro Mestrado pela CAPES, em 2006, que surgiu a partir de um dos nossos cursos lato sensu.

 

Além de percebermos a importância de articularmos nossas Unidades em projetos conjuntos, avaliamos que precisávamos de mais aliados para avançar em nossos sonhos. Encontramos muitos, mas registro a aproximação histórica com a UENF. A partir deste relacionamento construído e pautado pelo respeito às nossas diferenças e as percebendo como complementaridades, criamos uma grande projeto articulando os mais diversos atores de nossa região, culminando na Incubadora de Base Tecnológica de Campos: a TEC Campos. Este projeto articulou diferentes atores governamentais e não-governamentais. Mas esta tarefa não foi fácil, pois ações de colegas presentes em gestões anteriores denotavam uma marca político-partidária muito forte ao CEFET Campos, o que dificultava a relação institucional com outros atores da comunidade. Hoje, nossos professores atuam na pós-graduação da UENF, assim como professores da UENF atuam em nossa pós-graduação, nos fortalecendo mutuamente. Além disso, estamos construindo um novo desafio: o Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica.

 

Com data prevista para junho deste ano, nos articulamos com a UENF e a UFF, a fim de fortalecer nossos eventos científicos locais. Sonhamos, juntos, com um Doutorado em conjunto na área de sustentabilidade regional, pois sabemos os desafios por que passa a região. Conseguimos, também, na perspectiva de preparar nossos servidores para os desafios que se colocam para o crescimento de nossa instituição, implantar uma turma de Mestrado na Área de Controle e Automação da UFF, e uma de Doutorado em Informática na Educação da UFRGS. Em breve, teremos 13 doutores em uma mesma área de conhecimento que, tenho certeza, irá ajudar nossa instituição a dar um novo salto, seja no que se refere ao uso de novas tecnologias para auxiliar o processo de ensino-aprendizagem, seja na possibilidade de implementar cursos semi-presenciais e a distância, facilitando a um maior número de trabalhadores acesso à formação profissional e tecnológica de qualidade. Vale ressaltar que, com o empenho de nossos servidores, ganhamos o primeiro projeto institucional para apoio à infra-estrutura científica da FINEP: as salas de videoconferência. Usando esta tecnologia, realizamos diversas atividades em conjunto, entre as Unidades Campos e Macaé, sem necessitar nos deslocarmos, como reuniões, aulas e, até mesmo, as entrevistas dos candidatos ao Mestrado.

 

Conquistamos, no ano seguinte, dois laboratórios de Geomática (Campos e Macaé) e, agora, submetemos um projeto de 1 milhão de reais para atender às demandas de pesquisa da nossa UPEA e do Campus Macaé. A UPEA foi outra grande conquista  para a pesquisa e extensão institucional. Construímos ali o que acreditamos dever ser a pesquisa desenvolvida em nossos Institutos Federais. Uma pesquisa entrelaçada à extensão e em busca de solucionar as questões regionais. Ressaltamos que o número de bolsas de iniciação científica e tecnológica para nossos alunos passou de 6 bolsas, em 2003, para 84 bolsas em 2008. Criamos, também, um programa de TV, o Saber Ciência, para popularização da ciência institucional. Dois programas já foram realizados, apresentando projetos científicos e tecnológicos de nossa instituição, e estarão sendo veiculados em meios de comunicação locais, o que espero em breve. Temos ainda muitos outros sonhos. Sou muito grato por ter participado de uma gestão (2004 a 2007) que ousou muito e que, de tão avançada para o seu tempo, dificultou a compreensão dos benefícios que teríamos com a implantação do Instituto Federal Fluminense. Isto, pois já vivíamos boa parte das promessas dos Institutos Federais. Inclusive, com nossos pólos avançados, apontávamos para a expansão da Rede Federal, mesmo sem o apoio do governo federal, que veio algum tempo depois com o novo governo. O primeiro pólo, o de São João da Barra, já implantado em 2004, ficou sob nossa responsabilidade. Novos parâmetros tiveram que ser estabelecidos para o início dos demais pólos, como o de Arraial do Cabo, culminando com a implantação do Campus Cabo Frio. Nossa gestão foi ousada inclusive no nome do Instituto Federal, pois alguns defendiam que ele se restringia apenas ao Norte Fluminense. Se assim o fizéssemos, no novo contexto dos Institutos Federais, seríamos diminutos com relação aos demais que se formaram ao longo do País.

 

Ao compreender que vivenciávamos um processo bastante complexo e que merecia ter continuidade, apresentamos uma candidatura com dois nomes: Cibele e Jefferson. Pois, assim, acreditávamos que continuaríamos uma gestão que se abria ainda mais para a comunidade, formando novos quadros e respeitando a diversidade de opiniões. A eleição deixou claro que a comunidade do então CEFET Campos apoiava este avanço e acreditava que a nova gestão, capitaneada por aqueles que tão transparentemente se colocaram na campanha, iriam dar prosseguimento aos avanços (aqui, relatei brevemente alguns deles sob minha responsabilidade direta, mas muitos outros foram realizados). No entanto, a nova gestão passou também a contar com alguns membros bastante conhecidos por todos, que não se sentiam à vontade com uma instituição que avançou tanto, sem sua participação e colocaram, então, a meta de permanecer à frente desta instituição, no mínimo, 8 anos. Para tanto, começaram uma busca incessante de desmerecer a gestão que ora se encerrava, com uma pressa em realizações que, no mínimo, sob nossa ótica, fragiliza os procedimentos da administração pública. Não foram poucas as vezes que iniciaram uma onda de boataria pejorativa, colocando a dignidade e a lisura dos colegas que participaram da outra gestão, enquanto servidores públicos, em questão. Processos democráticos históricos passaram a ser desrespeitados. Enquanto mais de 15 CEFETs realizaram processos eleitorais para escolha de seus dirigentes gerais, durante o ano de 2008, a maioria deles no segundo semestre, parte da equipe gestora avaliou que isto poderia atrapalhar a implantação do Instituto Federal Fluminense. Aqui, em nossa instituição, tudo, segundo eles, deve ser feito com muita calma. Não podemos ser açodados. Será que as outras instituições da Rede Federal são inconseqüentes? Este ano, por exemplo, ocorreu neste mês de março a eleição para o Reitor do Instituto Federal de Goiás. Destaco que o Reitor daquela instituição é o atual presidente do Conselho dos Dirigentes dos CEFETs (CONCEFET).

 

Será que ele é inconseqüente ou irresponsável? Teria a comunidade do CEFET Campos, que nacionalmente é reconhecida pela suas ações de vanguarda, se modificado? Ou, talvez, alguns se considerem mais capazes e, se intitulem como os únicos responsáveis por uma condução segura rumo à consolidação do Instituto Federal Fluminense. Ou, talvez, ainda, esta seja mais uma estratégia de não deixar que o foco das atenções se afaste de alguns que têm pretensões não verbalizadas, dentro e fora de nossa Instituição. Até mesmo, porque, o Instituto Federal agora aumentou em muito a sua abrangência: Norte Fluminense, Noroeste Fluminense e Região dos Lagos. Dobramos em número de servidores e estamos aumentando em muito o número de nossos alunos. Porém, esta avaliação deve ser feita por cada um. Nessa perspectiva, qualquer movimento ou ação que possa destacar alguém que não esteja sob o controle pode ameaçar tão “nobres” desejos.

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