quarta-feira, 16 de julho de 2008

Informática para alunos especiais

Do site Ciência Hoje

 

Programa de computador ajuda no aprendizado de crianças com dificuldades cognitivas.

 

Tela de apresentação do programa de computador educativo Hércules e Jiló, desenvolvido para ajudar no aprendizado de crianças com déficit cognitivo.

 

 

Imagens: Amaralina Miranda de Souza.

 

Um programa de computador educativo desenvolvido por pesquisadores brasileiros é a nova ferramenta para ajudar no aprendizado de crianças com dificuldades cognitivas. Batizado de Hércules e Jiló, nomes dos dois protagonistas – um simpático menino e seu cachorro –, o programa apresenta jogos, atividades e outros recursos para ensinar ciências naturais a crianças e jovens na fase de alfabetização. O software é livre e pode ser baixado gratuitamente na internet.

 

O projeto foi desenvolvido pelos professores Amaralina Miranda de Souza e Gilberto Lacerda dos Santos, da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB). Ao contrário de outros programas educativos que utilizam o computador, Hércules e Jiló se caracteriza como um “ambiente interativo e multimídia” que incentiva a criança a trabalhar tanto no computador quanto fora dele. Entre seus recursos, estão atividades que permitem à criança “montar” o jogo no computador para que seja construído e utilizado em sala de aula.

 

“Esses recursos auxiliam as crianças a assimilar o conteúdo de forma natural, assim como a ajudam a desenvolver a coordenação motora e muitas outras habilidades”, explica Souza. “Esse contexto lúdico é um elemento estimulante e ajuda a melhorar o desempenho dessas crianças e jovens, que já sofrem com o preconceito por apresentar um nível de aprendizado mais singular.”

 

 

Apesar de voltado para os alunos em fase de alfabetização, o programa privilegia a mediação dos professores e os orienta a não infantilizar os usuários. “Nosso parâmetro é o nível de desenvolvimento do aluno, não sua idade cronológica”, afirma a professora. “O nível de aprendizado dessas crianças e jovens, na grande maioria, está atrasado em relação à média do seu grupo, mas eles apresentam interesses e desejos como pessoas da sua idade social e é preciso respeitar isso.”

 

O programa é destinado principalmente aos professores, para que eles explorem as atividades de forma contextualizada com o currículo e o conteúdo a ser trabalhado em sala de aula. “Ainda encontramos muitos professores que resistem ao uso de tecnologia na sala de aula, mas vários estudos mostram que o computador é um bom aliado do professor e do aluno, quando bem utilizado no contexto da aula para promover aprendizagens significativas”, justifica Souza.

 

Interface de contextualização do programa explica aos professores como o programa pode ser usado dentro de sala de aula. Segundo Souza, os professores muitas vezes ficam limitados e não conseguem despertar o interesse e a participação dos alunos com dificuldades cognitivas em sala. A professora afirma que o programa estimula a mediação do professor para que seja melhor aproveitado pelas crianças.

 

“A mediação do professor permite atender às diferentes demandas e favorece a participação coletiva no processo de aprendizagem, para que nenhum aluno fique isolado do resto da turma”, explica. “O computador é uma novidade, e isso atrai a atenção de todas as crianças, e não apenas daquelas com dificuldades cognitivas.”

 

A aplicação de Hércules e Jiló em sala de aula tem sido objeto de vários estudos. Foram entregues à Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação cerca de 600 exemplares para serem distribuídas a escolas públicas de todo o país. O programa educativo pode ser obtido a partir do seguinte endereço:

 

http://www.fe.unb.br/area.php?area_cod=26

 

De acordo com Souza, a repercussão do programa foi muito boa e a equipe está desenvolvendo uma segunda edição, Hércules e Jiló no mundo da matemática. “Fomos a campo identificar as maiores dificuldades do ensino da matemática para esses alunos. A equipe está testando os jogos em sala e analisando os níveis de complexidade. A previsão é que até o fim do ano lancemos o novo programa.”

 

Igor Waltz

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