sábado, 21 de julho de 2012

Muito além das patentes

Revista FAPESP - Fabrício Marques

Nos últimos seis anos, a Universidade Harvard, nos Estados Unidos, conseguiu melhorar seus indicadores relacionados à transferência de tecnologia, que representavam um ponto opaco no desempenho da líder de vários rankings internacionais de instituições de ensino superior.

Grandes universidades criam novos mecanismos para transferir capital científico ao mercado e à sociedade. De 2006 a 2011, o número de patentes obtidas pela Universidade Harvard subiu de 35 para 60 por ano

O número de invention disclosures, documentos com a descrição de resultados de pesquisas para avaliar a possibilidade de sua proteção por meio de direitos de propriedade intelectual, aumentou de 180, no ano de 2006, para 351, em 2011.

No mesmo período, o número de patentes obtidas no escritório de marcas e patentes dos Estados Unidos (Uspto, na sigla em inglês) subiu de 35 para 60, enquanto o de tecnologias licenciadas cresceu de 11 para 45.

O combustível dessa mudança foi uma reforma na estrutura e nas práticas do Escritório de Desenvolvimento Tecnológico (OTD) de Harvard, voltada para multiplicar a cooperação entre a universidade e o setor privado.

Não por acaso, subiu de 12 para 75 o número de acordos entre Harvard e empresas envolvendo a chamada pesquisa patrocinada, modalidade em que companhias financiam o trabalho realizado em um laboratório da universidade muitas vezes em troca de privilégio no licenciamento de descobertas resultantes.

O montante investido nesses acordos chegou a US$ 37,2 milhões em 2011, quatro vezes mais do que o total de 2006. Entre as empresas que celebraram parcerias estratégicas recentes com Harvard destaca-se, por exemplo, a Novartis, para desenvolver fármacos a partir de células-tronco junto com Lee Rubin, do Instituto de Células-Tronco de Harvard.

O movimento feito por Harvard é exemplar de um fenômeno que se esboça nos escritórios de transferência de tecnologia de universidades – e não apenas naquelas de classe mundial.

Além das tarefas rotineiras, que consistem em identificar descobertas com potencial econômico e protegê-las por meio de patentes, esses escritórios abraçam várias outras atividades, como fomentar colaborações de pesquisa de longo prazo entre empresas e laboratórios, auxiliar na criação de empresas baseadas em tecnologias nascentes, arregimentar investidores privados para financiá-las, oferecer a consultoria de pesquisadores para a indústria e estimular o empreendedorismo já entre os estudantes de graduação.

“A experiência mostra que é possível alcançar resultados altamente positivos quando empresas e universidades, a despeito de suas diferenças culturais, comprometem-se com parcerias em que ambos os lados saem ganhando”, diz Todd Sherer, presidente da Associação de Gestores de Tecnologia das Universidades (AUTM), entidade que congrega 3,5 mil profissionais vinculados a 350 universidades, instituições e hospitais de pesquisa em vários países e lhes oferece treinamento e apoio sobre mecanismos de transferência de tecnologia.

O texto completo da reportagem está na edição 197 da revista Pesquisa FAPESP: http://revistapesquisa.fapesp.br/2012/07/16/muito-alem-das-patentes/

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