terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Bem, bom e ããããã têm pacto com o Demônio

 

Reinaldo Polito

Milésimos de segundo separam vencedores e perdedores em inúmeras modalidades esportivas, como no automobilismo, natação e atletismo. Frações imperceptíveis de espaço da mesma forma no basquete, tênis e futebol. São esses infinitésimos os responsáveis, algumas vezes, por lágrimas, outras, por sorrisos.

Detalhes. Neste item Deus está dando de goleada no Demônio. Fiz uma rápida pesquisa na web e encontrei um resultado curioso. A frase "Deus está nos detalhes" é contemplada com quase 38 mil citações, enquanto que "O Demônio está nos detalhes" aparece apenas 43 vezes. Xô, Satanás!

Em comunicação, entretanto, a frase derrotada nessa busca é responsável pelo fracasso de muitos oradores. A negligência e a falta de atenção nos detalhes podem jogar por terra as chances de sucesso de quem fala em público. Ficam tão preocupados com a floresta que acabam tropeçando nos galhos.

Não dar importância aos detalhes é quase que implorar por encrenca. Por mais insignificante que pareça ser, um pequeno deslize pode ser responsável pelo fracasso da apresentação. Ao tentar descobrir o motivo do insucesso, normalmente, o orador incauto se martiriza dizendo: Como foi que não pensei nisso?!

Eu poderia fazer uma lista quase interminável de detalhes que derrubam não só novos e iniciantes, como também experientes e tarimbados frequentadores de tribunas. Só como exemplo, vou me ater a um conhecido derruba oradores, que passei a denominar de "trio irritante".

É uma atitude comum em muitas pessoas, especialmente quando falam em público. Elas iniciam as apresentações com: bem, bom, ããããã. Além de não produzirem nenhum tipo de beneficio, dependendo da intensidade, esses sons podem até desmotivar os ouvintes, mesmo antes de o orador proferir a primeira palavra.

De maneira geral, os oradores não percebem que iniciam assim suas apresentações. Em nosso curso, gravamos os exercícios que os alunos fazem para desenvolver e aprimorar a maneira de se expressar. Poucos são aqueles, entretanto, que têm consciência desse vício na comunicação.

A maioria se revolta ao perceber no vídeo que começaram o discurso usando esse ruído. Alguns, além de iniciar as apresentações com esses sons desagradáveis, aumentam o volume da voz que, diante do microfone, tornam o problema ainda mais grave.

Embora, como disse, eu esteja me referindo apenas a um exemplo para mostrar a importância dos detalhes no resultado das apresentações em público, não poderia deixar de dar sugestões para resolver o problema. Considere antes que só o fato de tomar consciência dessa falha pode ser suficiente eliminá-la.

No lugar desses sons desnecessários inicie cumprimentando as pessoas. Além de se valer de uma forma respeitosa de se dirigir aos ouvintes é também uma maneira eficiente para chamar a atenção sobre sua presença e informar que está pronto para falar.

Portanto, dizer bom dia, senhoras e senhores, ou um simples olá pessoal, pode ser um bom substituto para esses sons que nada acrescentam. Afinal, Deus é quem deve estar nos detalhes, não o Demônio.

 

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