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A Polícia do Rio de Janeiro prendeu ontem um homem acusado de, com diplomas falsos, ter trabalhado por cerca de um ano como engenheiro e professor universitário, empregos que lhe rendiam mais de R$ 8.000 ao mês.
O acusado só acabou preso porque foi várias vezes à delegacia para reclamar da demora na expedição de um RG. Ele responderá por estelionato e falsificação de documentos.
Edson de Abreu, 44, apresentava-se como engenheiro civil formado pela UFF (Universidade Federal Fluminense), com duas especializações concluídas nos Estados Unidos --mestrado em administração de empresas pela Universidade da Califórnia e pós-graduação em marketing pela Universidade de São Francisco- e uma em curso no Rio --pós-graduação em gestão de projetos na Universidade Gama Filho.
Mas, segundo a polícia, Abreu só concluiu o curso de técnico em edificações, equivalente ao ensino médio, na Escola Técnica Federal de Campos (a 286 km do Rio), e cursava teologia numa escola de Macaé (a 188 km do Rio).
Com essa formação, segundo a polícia, ele trabalhava em Macaé como gerente de produtos da Sotreq, revendedora de tratores e outras máquinas. Nessa função, Abreu ganhava R$ 5.631. Como professor da Universidade Estácio de Sá, em Cabo Frio, ele ganhava mais R$ 2.623 mensais -somados, os salários chegam a R$ 8.254.
A Estácio de Sá é a segunda maior instituição do país em número de matrículas.
Os dois empregos eram mantidos há mais de um ano, de acordo com a polícia. A universidade, porém, disse que, neste semestre, o professor não estava lecionando na instituição.
"Ele tinha RGs, passaportes e cartões de crédito com o nome verdadeiro [Edson] e como Eddy de Abreu. Mas conseguiu autorização da Justiça para mudar o nome para Eddie, e pediu novos documentos (...) ao posto do Detran [Departamento Estadual de Trânsito] em Copacabana. Mas o órgão suspeitou de irregularidade nas impressões digitais, e começamos a investigar", diz o delegado Antenor Lopes Martins Júnior, da 13ª DP (Ipanema).
"Como o novo documento dependia da delegacia, ele passou a vir aqui reclamar da demora, e chegou a falar até com meu chefe, no Departamento de Polícia da Capital", afirma.
Segundo a polícia, Abreu confessou os crimes. "Ele disse que foi a forma de ascensão social que encontrou, e que pretendia se tornar pastor e fundar uma igreja", diz o delegado.
A não conseguiu localizar o advogado do acusado.
Segundo o policial, o chefe de Abreu na Sotreq disse que também era enganado. O delegado afirmou que o preso é noivo da irmã do chefe.
Procurada pela reportagem, a Sotreq não se manifestou até a noite de ontem.
A Universidade Estácio de Sá afirma que foi vítima do acusado. A Universidade Federal Fluminense afirma que não foi consultada sobre a veracidade do diploma e, por isso, não pode se manifestar. A Universidade Gama Filho diz que só poderá se manifestar ao ver o diploma.
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