quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Petrobras se prepara para explorar petróleo no mar da Argentina

Márcio Resende
Especial para o UOL Notícias
Em Buenos Aires (Argentina)

Os avanços da Petrobras

Márcio Resende/UOL

No Campo Medanito, na Bacia de Neuquén, Patagônia, a Petrobras extrai o melhor petróleo da Argentina. Mais da metade do petróleo argentino sai dessa bacia onde a empresa possui os campos mais prósperos

A Petrobras se prepara para tentar replicar na Argentina o processo brasileiro em exploração e produção de petróleo no mar. O sucesso desse processo, conhecido como off-shore, é fundamental para a Argentina. Num contexto de queda contínua das sua reservas em terra, tanto de petróleo quanto de gás, e perante um aumento constante do consumo, a Argentina possui o urgente desafio de encontrar novas reservas.

Com campos já maduros em terra (on shore), todas as fichas estão agora postas no ainda inexplorado mar argentino. E, nessa aposta, a empresa já tem um prazo para as primeiras perfurações que podem revelar se realmente a plataforma submarina do país esconde reservas petrolíferas. "A Petrobras acelerou a aposta para encontrar petróleo no mar argentino. Daqui a quatro ou cinco anos, podemos fazer as primeiras perfurações para descobrir coisas novas", explicou ao UOL Décio Oddone, CEO da Petrobras Energia (nome da empresa na Argentina).

A Petrobras Energia, a Petrobras (matriz Brasil) e a hispano-argentina Repsol-YPF formaram um recente convênio para oportunidades exploratórias e eventuais produções off shore em conjunto ao logo de todo o Atlântico Sul, numa área que vai do Sul de Porto Alegre até o Sul de Terra do Fogo. As companhias vão juntar todas as informações que possuem e unificar esforços de estudos para detectarem áreas promissoras.

"A Petrobras e a YPF têm informação. Antes cada uma iria sozinha para esse processo. Agora vamos estudar juntos e unir os nossos conhecimentos para potenciar as chances de conseguirmos mais resultados", planeja Oddone.

A Petrobras é líder mundial em exploração no mar (off shore) e pioneira em águas rasas (até 400 metros de profundidade), profundas (de 400 a 2.200 metros) e ultra-profundas (mais de 2.200 metros). "Há uma expectativa de aplicar na Argentina todo o nosso conhecimento acumulado. Queremos comparar o mar por aqui com o que conhecemos do Brasil. Essa experiência nos permite mapear e produzir com maior eficiência. São duas facetas tecnológicas diferentes: encontrar e produzir. Temos uma vantagem competitiva nas duas", afirma Oddone.



Até agora, as informações sobre a plataforma submarina argentina são escassas e resumem-se a umas poucas áreas já definidas. Diante da quase total ausência de informação sobre o mar por parte do Estado argentino, são as empresas as que tomam a inciativa como forma de avançar no processo.

Exploração em águas rasas começa neste ano
No pouco que já está estudado, as perfurações vão começar dentro de meses, em águas rasas. As primeiras serão feitas no golfo de São Jorge e a 30 km da costa pelas duas emrpesas e vão acontecer em meados deste ano. Para as quatro perfurações previstas, as companhias investirão juntas US$ 120 milhões de dólares.

Também estão previstas uma perfuração no final do ano e, em 2010, outra a 500 metros de profundidade. "Um primeiro poço off shore na Argentina custa cerca de 50 milhões de dólares. Os seguintes são mais baratos. Um processo completo de desenvolvimento e de produção pode custar 2 bilhões de dólares", calcula Oddone.

Outro acordo inclui a Petrobras, a Repsol-YPF e a Pan American Energy em dois blocos na bacia Malvinas. Nesse caso, serão 100 milhões de dólares nas perfurações que podem começar ainda no final deste ano. "Essas áreas já estão estudadas, mapeadas e a ponto de serem perfuradas porque estão num nível de amadurecimento avançado. Isso nos permite obter resultados mais rapidamente", compara Décio Oddone.

Antes desse horizonte, o único projeto off shore da Petrobras era na bacia de Colorado Marina, a cerca 250 km da costa na altura da cidade de Mar del Plata. Dois blocos ainda estão em fase de estudos entre 200 e 3.000 metros de profundidade. As perfurações estão previstas para o final de 2010 ou 2011. "A nossa aposta tem agora um horizonte que antes não tinha", resume o número 1 da Petrobras na Argentina.

importado por splitz

Nenhum comentário:

Postar um comentário