domingo, 11 de janeiro de 2009

Democracia, cidadania e participação na era da interatividade

O professor Stephen Coleman, do Instituto de Estudos em Comunicação da Universidade de Leeds, Inglaterra, um dos fundadores do conceito de democracia eletrônica, fala um pouco sobre esse processo em que o público desempenha papel significativo na regulamentação das políticas públicas e na tomada de decisões usando ferramentas disponibilizadas pela Internet.



- Não porque eu me interesse por tecnologia. Meu interesse sempre foi em como fazer a democracia funcionar efetivamente na sociedade de massa. As tecnologias interativas abrem um caminho para o diálogo político, tanto entre representantes e representados, quanto entre cidadãos, o que nunca antes havia existido na era da imprensa e da rádio e teledifusão.



- Minhas primeiras perguntas se relacionavam com o potencial deliberativo, inclusivo, conseqüencial, aberto e horizontal da comunicação online para produzir discussão política.



- As principais perguntas empíricas de pesquisa não podem ser respondidas brevemente. De uma forma geral, eu diria que há evidências do potencial deliberativo, inclusivo, aberto e horizontal. É em relação ao potencial conseqüencial - a conseqüência política da discussão online - que os resultados são decepcionantes. As instituições políticas falharam ao se adaptarem culturalmente à interatividade. Isto cria três novas perguntas de pesquisa que ocupam bastante meu pensamento - Como instituições partidárias e governamentais podem se adaptar à interatividade digital? Onde estão os pontos de conexão entre a cultura institucional e a popular? Um espaço online de confiança pode ser estabelecido?



- Em geral, o governo britânico tem sido inventivo e aberto a novas idéias. As barreiras para a democracia eletrônica não são técnicas, mas são principalmente culturais e, de fato, políticas. Não há nenhum sentido em requerer que os cidadãos compartilhem suas idéias, experimentem e avaliem as políticas públicas sem que haja mecanismos para integrá-los ao processo de desenvolvimento político. O que eu quero dizer é que nenhum político assumiu a agenda da democracia eletrônica, deixando o seu desenvolvimento para servidores civis - e, de uma forma geral, eles estão resistentes a qualquer coisa que exija que eles operem de novas maneiras e que dê mais poder ao público.



- As maiores mudanças têm sido no contexto das redes sociais online. Um bom exemplo é a "netmums", uma rede online de cerca de 300 mil mulheres que compartilham conhecimento sobre família e outros assuntos relacionados. O Youtube tem sido uma enorme ferramenta política. Quando eu comecei minha pesquisa, havia uma pergunta sobre se as pessoas que acessam a Internet são menos sociáveis e participativas. Nós sabemos que não é assim: se você usa a Internet para receber notícias ou procurar informações políticas, você está mais propenso a votar, a se associar a organizações e a conhecer pessoas na sua localidade. Há uma correlação positiva entre o uso da Internet e o capital social.



- Tomando as idéias e experiências seriamente e criando mecanismos para ligá-las à forma oficial do desenvolvimento político.



- Há duas prováveis mudanças culturais. Uma diz respeito às elites políticas, que teriam menos monopólio na tomada de decisões e teriam um papel mais de apoio. A outra está relacionada às pessoas que não se consideram políticas, mas querem influenciar a forma como elas são governadas em alguns aspectos. A democracia eletrônica fortaleceria tais cidadãos a se engajar em discussões políticas sem a necessidade de se tornarem integralmente ativistas políticos.

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