domingo, 25 de janeiro de 2009

Analistas divergem sobre papel da USP ao expandir graduação

Folha de São Paulo On line





DA REPORTAGEM LOCAL

Pesquisadores consultados pela reportagem divergem sobre o papel da USP na expansão do ensino de graduação.
A universidade é cobrada, especialmente por movimentos sociais, a elevar a cobertura do ensino superior público no Estado (são 15% das matrículas, ante 85% do sistema privado).

"A USP utilizaria melhor os recursos se focasse na pesquisa, onde é líder. A massificação da graduação pode ser feita por instituições como as Fatecs", diz o ex-reitor Roberto Lobo.

A universidade recebe percentual fixo da arrecadação de impostos do Estado. A previsão neste ano é que chegue a R$ 3 bilhões (duas vezes o orçamento somado das secretarias de Cultura e Meio Ambiente).

"A questão é o que a USP pretende ser. Ela vem da tradição de formar profissionais de alto nível e da pesquisa e pós-graduação. Recentemente, tem incorporando aspectos de universidade de massa, expandido a graduação, criando cursos mais aplicados, como os da zona leste. Acho um erro", afirma Simon Schwartzman, ex-presidente do IBGE e membro do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade.

Já o professor titular da USP Renato Janine Ribeiro, ex-diretor da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), defende a expansão. Para a sociedade, diz, a universidade é uma formadora de graduandos. "Se não aumentar sua graduação, há o risco de diminuir sua legitimidade política. Mas claro que não pode prejudicar a pesquisa."

O presidente da Adusp (associação dos docentes), Otaviano Helene, diz ser favorável à expansão na graduação. "Hoje domina a rede privada, que em geral é ruim. Como a universidade pública, na média, é melhor, precisa ser expandida."


Dois especialistas afirmaram que os dados presentes no anuário não são suficientes para concluir que há queda na produção da universidade.
Rogerio Meneghini, especialista em cienciometria (que estuda a produtividade em pesquisa), diz que o ideal é utilizar o número de trabalhos publicados na base ISI, "um dos sistemas mais confiáveis".

"Mas há uma limitação que a base capta mais a produção apenas das ciências básicas, publicadas no exterior."
Já Ribeiro diz que a redução pode tanto indicar uma "preocupante queda na produção quanto um empenho em só considerar as publicações mais respeitadas da área".


Segundo o anuário, o total de trabalhos publicados caiu de 29,1 mil para 26,2 mil (entre 2003 e 2007). O número de docentes cresceu 9,7%.
Por contrato, os professores com dedicação exclusiva (82,2% do total) são obrigados a fazer pesquisa, além das atividades de ensino. Os salários variam de R$ 3.000 a R$ 9.000.

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