terça-feira, 30 de setembro de 2008

Poli/USP cria sistemas de ar-condicionado que auxiliam no combate à Síndrome dos Edifícios Doentes

Um sistema tem serpentinas de água gelada, instaladas no teto; o outro, uma câmara de ar resfriado debaixo do piso.

Rinite, irritação nos olhos, dor de cabeça, fadiga e náuseas são alguns dos sintomas associados à Síndrome dos Edifícios Doentes, que afetam cerca de 20% da população que trabalha em ambientes climatizados e tem como principal causa a falta de manutenção e limpeza adequadas dos sistemas de ar-condicionado. No Brasil, uma resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária estabeleceu regras para que esses sistemas não sejam uma ameaça à saúde. O que faltava – sistemas de ar-condicionado mais eficientes, de fácil limpeza e manutenção – foi desenvolvido pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP).

Em dois ambientes da Poli, estão instalados sistemas de ar-condicionado que representam uma quebra de paradigmas em relação aos modelos convencionais. Um deles possui serpentinas de água gelada, instaladas no teto, que irradiam frio para o ambiente; o outro possui uma câmara de ar resfriado debaixo do piso, por onde também sai o ar. Ambos foram desenvolvidos pela professora Brenda Chaves Coelho Leite, do Departamento de Engenharia de Construção Civil (PCC) da Poli, e têm várias vantagens.

Além da facilidade de limpeza e manutenção, os sistemas oferecem total conforto térmico, são silenciosos e econômicos no uso de energia. “Os dois sistemas conseguem uma distribuição uniforme de temperatura, sem correntes de ar turbulentas. Graças a um conjunto de sensores, que enviam informações à central de automação, os ajustes programados por softwares são feitos de modo a manter o equilíbrio e o conforto térmico no ambiente”, explica a professora Brenda.

Ar sai do piso – Em um dos ambientes está instalado o “Sistema de Distribuição de Ar pelo Piso, com Fluxo por Deslocamento”. O ar é resfriado em uma máquina que fica no pavimento superior e conduzido por um duto até o vazio do piso elevado (plenum), que se torna uma câmara de ar resfriado e pressurizado. O ar frio passa por diferença de pressão, através de difusores, para o ambiente. Ao entrar em contato com as fontes de calor (pessoas e equipamentos), o ar se aquece e sobe lentamente para o teto por convecção natural, de onde sai através de grelhas.

Para o trabalho de limpeza e manutenção, basta remover algumas placas do piso para se ter acesso ao plenum. “Como o sistema dispensa dutos secundários, a limpeza e manutenção também fica restrita ao duto principal”, acrescenta Brenda. Outra vantagem é a flexibilidade para mudança de layout do escritório, já que as placas, com e sem difusores, podem ser facilmente redistribuídas.

A economia de energia é de 34% em relação aos sistemas convencionais. Agora, a professora Brenda está analisando o potencial do sistema para a remoção de poluentes.

A água resfria o ar – O outro sistema – denominado “Condicionamento por Teto Radiante” – emprega painéis instalados no teto, formados por placas de forro metálico perfurado, nas quais são acopladas serpentinas de água gelada que irradiam o frio para o ambiente. Como conta também com ar resfriado, esse sistema pode ser definido como híbrido. Ele também é economizador ou “verde”, pois a água é mais eficiente que o ar na troca de calor, exigindo menor quantidade de energia para resfriar o ambiente.

“No teto, fizemos uma composição das placas metálicas; com e sem serpentina, onde também foram incorporadas as luminárias, os difusores e as grelhas, de acordo com as necessidades do ambiente”. O sistema conta com grupos de tubulações que conduzem a água fria até as serpentinas. E de tubulações de retorno, que retiram a água que absorveu o calor e leva de volta para o resfriamento. Por meio de um sistema de automação, o ambiente é dividido em zonas e cada circuito hidráulico tem uma válvula que trabalha separadamente. “Dessa maneira, é possível criar diferentes zonas de conforto: quando a sala está parcialmente ocupada, trabalha-se com vazões de água diferenciadas, de modo a manter a homogeneidade da temperatura na sala e, com isso, economizar energia”, explica Brenda.

importado por splitz

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