quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Prós e contras da PETROBRAS

Revista Você SA On line

 

 

A empresa está perdendo gente para propostas de carreira mais ágil, mesmo oferecendo visibilidade e oportunidades de aprendizado.

 

 

 

Plataforma da Petrobras na Bacia de Campos (RJ): a companhia ensina excelência técnica, mas não oferece muitas chances de crescimento.

 

A Petrobras é uma das maiores empresas do país. Faturou 77 bilhões de dólares em 2006 e tem quase 50 000 empregados. Para eles, a estatal é uma vitrine, onde se entra por um concurso público disputado. Em 2006, a relação candidato–vaga para engenheiro civil pleno chegou a 175 para um. Quem é aprovado passa por 11 meses de treinamento contínuo. Depois disso, tem contato com algumas das tecnologias mais avançadas do mundo em exploração e refino de petróleo. No caso de engenheiros e administradores recém formados, a remuneração começa por volta dos 3 500 reais e pode chegar aos 40 000 reais na gerência executiva. Só que a carreira na Petrobras não é lá essas mil maravilhas.

 

A falta de dinamismo barra os profissionais mais jovens e ambiciosos, os altos executivos estão saindo por causa das propostas melhores na iniciativa privada e a influência e indicações políticas frustram quem quer crescer por mérito próprio, e não por conchavos. Esses são problemas que, cedo ou tarde, precisarão ser encarados com seriedade pela empresa, tendo em vista que o seu crescimento vai demandar mão-de-obra extremamente qualifi cada, para qual a meritocracia é um bem valioso. Nos próximos cinco anos, a Petrobras planeja investir 112 bilhões de dólares em todas as etapas de produção. “Os investimentos vão aquecer as contratações”, diz Alfredo Renault, superintendente da Organização Nacional da Indústria do Petróleo.

 

A entrada de novas empresas no setor está levando gente do alto escalão. Com esses executivos saindo, a fi la deveria andar, mas quem fi ca na empresa, preocupado com a estabilidade de seu emprego e os bons salários que são pagos, emperra o crescimento de quem está nos postos de baixo.

 

Ingerência Sindical: atualmente, a empresa tem 5 000 gerentes. Sabe quantos cargos existem entre a gerência-geral e a presidência? Cem. Esse é um ponto crítico para os talentos da organização. Por fim, a influência do sindicato dos trabalhadores desse setor leva profissionais menos qualificados, embora concursados, a posições disputadas. “Muita gente que tinha aspiração de subir para a alta gerência foi jogada de escanteio”, diz um funcionário de carreira da companhia que não quis se identificar, referindo- se ao poder do sindicato sobre a hierarquia da estatal.

 

Aos poucos, embora continue sendo o paraíso de quem procura estabilidade, status e bom salários, a petrolífera deixa de atender a uma parcela de gente que busca carreira mais rápida, algo que vai encontrar no setor privado, com a entrada de empresas como a Brenco e a OGX, do empresário Eike Batista. Foi o caso do engenheiro Flávio Guimarães, de 37 anos. Em 1996, antes mesmo de assumir na Petrobras, como se diz no caso dos funcionários concursados, ele optou pela rapidez da iniciativa privada. Hoje é diretor de operações da Chemtech, que fornece soluções de automação para o setor petroquímico da Petrobras. “Desisti ao perceber as perspectivas de crescimento que eu tinha em uma empresa que passou de 20 para 450 funcionários em dez anos”, diz Flávio.

 

Bem acima na hierarquia, o engenheiro Rogério Almeida Manso, de 50 anos, é um exemplo da saída de pesos pesados da estatal. Ele deixou a diretoria de refino, logística e petroquímica no ano passado para ser diretor vice-presidente de logística e vendas da Brenco. A empresa de capital internacional está montando uma infra-estrutura no país para produzir 3,8 bilhões de litros de etanol combustível por ano. Rogério trabalhou na Petrobras por 28 anos e agora vai atuar em um projeto de 2,3 bilhões de dólares, que prevê dez usinas produtoras de etanol em 11 anos. E 10 000 funcionários. “Do nível de gerência média para cima, vamos criar cem cargos”, diz Rogério.

 

Faltam Técnicos: em crescimento acelerado, o setor petroleiro sofre por antecipação também com a necessidade de gente no nível médio. “Geólogos, geofísicos e alguns engenheiros não querem sair da Petrobras hoje, mas vêm sendo muito buscados, com salários de até 15 000 reais”, diz a headhunter Jacqueline Resch, da Resch RH, do Rio de Janeiro.

 

A briga promete. “Serão 917 000 postos de trabalho nos próximos cinco anos, dos quais 228 000 empregos diretos, ligados às áreas técnicas e de administração”, diz Leonardo Santos, coordenador do curso de negócios no setor de petróleo na Fundação Instituto de Administração, de São Paulo. “Os salários de nível técnico já estão mais altos. Teremos dificuldades de pessoal no setor em breve”, diz Alfredo Renault. Quem está no nível médio pode aproveitar o momento para colocar o currículo no mercado e bombar o contracheque.

 

*Acesse http://vocesa.abril.com.br/edicoes/0115/aberto/informado/mt_265539.shtml

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